sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Um grito de Liberdade

Análise do filme Um grito de Liberdade, para a matéria História Contemporânea, em Setembro de 2007.

Sinopse Narrativa:

Retratando a vida do ativista negro Steve Biko, o filme é baseado na experiência real do jornalista Ronald Woods, que o conhece e se interessa pela forma como vivem os negros durante o período de Apartheid na África. Essa vivência resultará em um livro, que também embasou o filme, mas que para ser publicado colocou em risco a vida do jornalista e de sua família.

Contexto de Produção do Filme:

Filmado pelo premiado e experiente diretor inglês Richard Attemborough, o filme foi indicado a três Oscars (melhor ator coadjuvante, melhor canção original e melhor trilha sonora original), mas só recebeu alguns prêmios menores, como Prêmio da Paz - Menção Honrosa do Festival de Berlim e Political Film Society, em 1989 na categoria Direitos Humanos. Também recebeu indicações ao Globo de Ouro, Grammy e Bafta.

Desenvolvimento da narrativa:

Steve Biko era um ativista negro que vivia em um gueto na Província do Cabo. Na década de 70, era motivo de preocupação das autoridades, já que mesmo banido procurava sempre alguma forma de se encontrar com sua comunidade.

Sendo considerado a única esperança de salvar a África do Sul, pelos seus discursos e idéias defendidas, sempre a favor dos direitos e oportunidades dos negros, que não deveriam se submeter à dominação branca, frente essas comunidades, Biko era alvo da imprensa, que considerava sua atitude responsável pelo aumento do ódio racial no país, o que distanciaria a comunidade negra dos brancos.

O editor Donald Woods era um dos que adotavam esse ponto de vista em suas publicações, até ser instigado a conhecer pessoalmente o ativista, e se surpreender com o contraste de sua vida e a dos negros, que viviam em assentamentos, sem oportunidades de estudo e trabalho, e sofrendo a discriminação do mundo branco, essa experiência resulta em uma verdadeira amizade entre Biko e Woods, que passa a mudar suas publicações.

Quando uma das tentativas do ativista, de sair do espaço permitido por seu banimento, falha, ele é encontrado e preso pela polícia, que o submete a torturas durante um mês, até que isso o leva a morte, porém o que se revela como causa, é apenas uma greve de fome.

A partir de então o foco do filme volta-se para o jornalista, que pretende publicar um livro sobre o período que vivenciou, ressaltando a imagem de Biko, e divulgando a verdade sobre os acontecimentos, distorcida pela imprensa. Mas tamanha dedicação à causa negra coloca em risco a vida de sua família, que começa a ser ameaçada pelas autoridades, e o leva a decidir sair do país. Mas como também foi banido pelo governo, sair de sua casa tornou-se um problema, que com a ajuda dos seguidores de Biko torna-se, apesar de arriscado, mais fácil de resolver.

É evidente o contexto histórico do filme, já que o protagonista é um ativista negro, que luta contra a lei Constitucional que oficializou a segregação racial entre brancos e negros, que ficou conhecida como apartheid. Um período em que a minoria branca existente na África do Sul impõe seu poder aos inúmeros grupos sociais compostos pela população negra nativa.

Durante a convivência dos amigos, a forma de destruição da cultura negra, para que a superioridade de uma classe social composta por brancos seja imposta e se mantenha um regime com base na discriminação racial, também é mostrada. Assim como as dificuldades para um negro vencer na vida acadêmica diante das cotas impostas, que resultam em um quadro em que poucos tenham oportunidades de emprego.

Formas de tratamento como fêmea Banthu, inúmeras abordagens e revistas feitas pelos policiais aos negros, restrições impostas, como o banimento do direito de ir e vir, eram as formas encontradas pelos brancos para impor sua soberania, e tentar de alguma forma controlar os possíveis movimentos reacionários.

Diante da exposição desses acontecimentos da época, percebemos que o diretor, não opta pelo panorama das autoridades, e sim defende as causas negras, as apresentando como principais.

Comentário pessoal:

As inúmeras cenas de ação, presentes principalmente na segunda parte do filme, já que este pode ser dividido em drama antes e ação depois da morte de Biko, torna a história interessante, e nada cansativa, já que desperta curiosidade e cria expectativa para o final da saga do jornalista. Porém o filme peca ao mostrar a rápida incorporação e aceitação do jornalista pela comunidade negra diante do contexto, em que era esperado o mínimo de recusa e desconfiança por parte dos negros.

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