sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Kafka - Metamorfose



Resenha escrita para a matéria Leituras de Ficção sobre o livro Metamorfose, de Franz Kafka, em Outubro de 2007.

A obra retrata a mudança abrupta na vida de Gregor, um caixeiro viajante, que acorda transformado em inseto. A partir desse acontecimento, o curso de sua história não será o mesmo, já que é preciso se adaptar a sua nova forma de levar a vida, que inclui o novo formato de seu corpo, as suas novas necessidades alimentares, seus novos movimentos, vontades, enfim, não mais como o aparente responsável pelo sustento da casa.

Porém, nem seu chefe, nem sua família se mostram dispostos a ajudá-lo para que mesmo como inseto, Gregor pudesse continuar incorporado à sociedade; apenas algum cuidado é esboçado por sua irmã em relação a ele, mas que com o passar do tempo, tem esse sentimento transformado em desprezo e aversão.

Os membros de sua família se mostram muito conformados com a situação, e entre eles o comportamento que se destaca é o do pai de Gregor, que se mostra mais indignado e não tenta uma aproximação com o filho, ao contrário, o acusa de ser o problema e o incomôdo na vida deles.

Quanto a esse retrato do pai, é importante considerarmos que essa caracterização, como alguém tão imponente e indisposto a ajudá-lo, tão desprovido de um mínimo de sentimento de compaixão, provavelmente é a personificação do relacionamento do próprio autor com seu pai.

Como podemos perceber em outras obras, em que o autor parece personificá-lo também e utiliza-se de frases como: “Eu só poderia viver naquelas áreas não cobertas por você ou fora de seu alcance. Mas, considerando minha idéia de sua magnitude, não restam muitos lugares”, esse relacionamento tão distante marcou Kafka profundamente.

Fernando Sabino


Elaborado para a matéria Processos Jornalísticos em Junho de 2007.

Perfil de Fernando Sabino

Desde menino a literatura despertava seu interesse, suas crônicas e concursos de gramáticas lhe rendiam premiações, mineiro, nascido em 1923, e caracterizado por muitos, como leitor compulsivo, não é de surpreender que Fernando Tavares Sabino se tornasse um dos maiores e mais conhecidos cronistas do Brasil.

Experiências como escoteiro e locutor de programa infantil, fizeram parte de sua vida até que seu primeiro conto policial foi publicado na revista “Argus”, e fez com que seu futuro fosse decidido: ser gramático. Ainda na adolescência, quando ajudou a fundar o jornalzinho “A Inúbia”, começou a colaborar com artigos, crônicas e contos nas revistas “Alterosas” e “Belo Horizonte”.
Desde então colaborações se tornaram freqüentes, e suas publicações passaram a ser vinculadas em jornais e em revistas brasileiras, como em “O Diário”, “Senhor”, “O Globo”, “Diário Carioca” e “O Jornal”. Graças a elas conheceu Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino, que deu origem a um grupo de amigos eternos. Apesar da formação universitária em direito, sua carreira profissional foi de jornalista, em que iniciou como redator da “Folha de Minas”.

Depois mudou para Nova York, e mesmo lá suas publicações brasileiras não cessaram, já que suas crônicas eram enviadas para o país, que ao retornar lhe garantiram espaço semanal no Suplemento Literário. Experiências políticas também não faltaram, primeiramente na campanha política de Juarez Távora e posteriormente em 1964 durante o governo de João Goulart, em que foi contratado como Adido Cultural na Embaixada do Brasil em Londres.

Sabino aproveitou sua vida para conhecer diversas culturas, já que sempre viajou muito, principalmente para a Europa, mas países como Argélia, Singapura, Hong Kong, Cuba e Oriente Médio também fizeram parte de suas vivências no exterior, e um de seus maiores sucessos literários, “O Grande Mentecapto”, deve sua conclusão a elas.

Após alguns anos como dono da Editora Sabiá, resolve vendê-la e fundar, com David Neves a produtora Bem-Te-Vi Filmes, que resulta em mini-documentários sobre Hollywood transmitidos pela TV Globo. Muitas de suas obras também são transformadas em produções cinematográficas, como “O Homem Nu” ou em adaptações teatrais, como a obra “O Encontro Marcado”.

As premiações que começaram na infância o acompanharam durante toda sua carreira, prêmios como Golfinho de Ouro na categoria Literatura, Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra e Cinaglia do Pen Club pela publicação de “A Mulher do Vizinho” foram apenas alguns deles, além de “O Grande Mentecapto”, que lhe resultou no prêmio Jabuti e sua adaptação no cinema ter sido premiada no Festival Internacional de Gramado.

Porém a partir de outubro de 2004 suas obras não puderam mais ser escritas, ao som do jazz da banda que era baterista, Ramblers Traditional Jazz Band, Sabino é enterrado, a seu pedido, sob a frase “Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino”, um dia antes de completar 81 anos.

Carreira Jornalística

Resenha sobre o texto Declínio e Morte do Jornalismo como Vocação para a matéria Processos Jornalísticos, em Maio de 2007.

Carreira Jornalística

Vocação é a combinação de inteligência, conhecimento, destreza e sensibilidade aliada ao saber narrar. Assim define Bernardo Kuciski, em seu texto intitulado “Declínio e Morte do Jornalismo como Vocação”, a característica principal de um jornalista.

Segundo ele, existe o velho e o atual jornalismo, que são demarcados, entre outros motivos, pela vocação, tida como essencial no passado, e considerada desnecessária nos dias de hoje. Notabilizando uma grande diferença entre o jornalista por vocação e o jornalista por profissão.Essa diferença entre os profissionais, também é ressaltada por Cláudio Abramo, em seu texto “A Regra do Jogo”, que acredita na formação do profissional enquanto jovem, e ressalta a imprescindível formação cultural sólida, importante para exercer a profissão.
Segundo Abramo, a essência de cada situação é importante, devendo ser transmitida ao leitor. Porém isso nem sempre acontece, já que a sensibilidade necessária é somente mérito de um jornalista “vocacionado”.

Quanto a isso, a criação das faculdades de jornalismo e a forma como “ensinam” o fazer jornalístico, são abordadas, já que, resultam numa padronizada e muitas vezes ineficaz prática jornalística.Ilustrando essas situações, o filme do diretor Cameron Crowe, “Quase Famosos”, nos mostra essas e outras circunstâncias com as quais os jornalistas se deparam e lidam em seu dia-a-dia.

Exemplificando a definição de Bernardo Kuciski, para vocação, William, o personagem principal do filme, mostra além de inteligência e maturidade, que a sorte caminha ao lado da persistência, e que a presença do jornalista na hora e lugar certo aliados às palavras para as pessoas certas, resulta em oportunidades únicas. Mas, para que estas, sejam devidamente aproveitadas, é preciso cuidado. A grande proximidade com o universo retratado, deve resultar em separação das instâncias envolvidas, e o interesse deve aliar-se a vocação, para que a imagem de um profissional intelectual e crítico seja passada.
O filme também exemplifica algumas características citadas por Fernando Correia, em seu texto intitulado “Os Jornalistas e a Notícia”, em que considera a profissão atraente aos jovens, devido à mobilidade, aventura, risco e imprevisibilidade.

O protagonista de apenas quinze anos, demonstra-se disposto a enfrentar essas e outras situações, e movido pela curiosidade, adquire experiências essenciais para sua formação como jornalista, que, como questiona Cláudio Abramo, as faculdades, não possibilitam.
Porém, credibilidade independe de vocação, e como William, o jornalista pode ser considerado inimigo por sua fonte de pesquisa, o que dificulta seu trabalho.

Resta saber se por sorte ou azar. Mas a aparição dos inimigos acontece, e são eles a polícia, a quem não se deve confiar segredos; e os parceiros, que ao exigirem que o gravador seja desligado para dizerem a verdade, comprometem a veracidade da informação e sua posterior publicação.A expressão off the record é constante para os jornalistas, e é preciso saber lidar com ela. Ciro Marcondes Filho, que é mencionado no texto “Ética e Imprensa” de Eugênio Bucci, apresentou uma tábua de pecados com deslizes relatados por quem está de fora das redações.

Uma delas é: Gravar algo à revelia;

Ou seja, o consentimento das declarações, ainda representa um desafio para os jornalistas.
William passa por essa situação, e ao final de seu trabalho, não obtém o resultado esperado, desacreditando assim, em sua reportagem “honesta e impiedosa”.
Sobre esse assunto, podemos citar Paul Johnson, que também é mencionado por Eugênio Bucci, em seu texto “Ética e Imprensa”, mas por suas regras propostas, para nortear o trabalho dos jornalistas e orientar o público, que deve exigir informação de qualidade.
Assim, dos Dez Mandamentos criados por ele, dois poderiam ter embasado o ainda inexperiente “jornalista vocacionado”:

Pensar nas conseqüências do que se publica.
Contar a verdade não é o bastante. Pode ser perigoso sem julgamento informado.
De qualquer forma, a principal revista norte-americana sobre o assunto publicou sua reportagem, e a possibilidade de rápida ascensão na profissão, devido às inúmeras portas que se abriram, o fizeram repensar a decisão de abandonar a carreira.
Retratando então, mais um problema com o qual o jornalista é praticamente obrigado a enfrentar em seu cotidiano: a frustração. Que nem sempre se deve a repercussão inesperada, mas sim à ausência dela.
E esse fato pode ser atribuído ao formato das notícias, que muitas vezes consagrados, não emplacam quando são alterados. Em contrapartida, há algumas regras pouco definidas, que dificultam o trabalho do jornalista e acarretam na alteração desses formatos, e em determinadas situações resultam na não publicação.

Por fim, é importante abordarmos a relação entre vocação, trabalho e a forma como este é remunerado, já que isso implica diversas situações, maneiras e valores.
Utilizando o filme como exemplo, temos o retrato de uma profissão mal remunerada, porém, com privilégios e vantagens, visto que o jornalista viajou com a banda, foco de sua entrevista, assistiu a todos os shows da turnê, e adquiriu novas amizades e experiências de vida.
Além do que, quando um profissional exerce a carreira de sua vocação, a facilidade de execução do trabalho e o prazer que é incorporado a sua rotina, resulta em satisfação e motivação para carreira. O que engrandece o profissional e melhora a qualidade de suas produções.

Porém sabemos que as vocações nem sempre são incentivadas, e a maioria desconhece seu talento. O que resulta em profissionais, que se formam sem ter como pré-requisito a vocação.Sendo assim podemos retomar Bernardo Kuciski, e entender suas lamentações, à medida que cada profissional que exercia o considerado por ele velho jornalismo, morrem, já que suas formas de fazer jornalismo encontram-se em extinção.

Um grito de Liberdade

Análise do filme Um grito de Liberdade, para a matéria História Contemporânea, em Setembro de 2007.

Sinopse Narrativa:

Retratando a vida do ativista negro Steve Biko, o filme é baseado na experiência real do jornalista Ronald Woods, que o conhece e se interessa pela forma como vivem os negros durante o período de Apartheid na África. Essa vivência resultará em um livro, que também embasou o filme, mas que para ser publicado colocou em risco a vida do jornalista e de sua família.

Contexto de Produção do Filme:

Filmado pelo premiado e experiente diretor inglês Richard Attemborough, o filme foi indicado a três Oscars (melhor ator coadjuvante, melhor canção original e melhor trilha sonora original), mas só recebeu alguns prêmios menores, como Prêmio da Paz - Menção Honrosa do Festival de Berlim e Political Film Society, em 1989 na categoria Direitos Humanos. Também recebeu indicações ao Globo de Ouro, Grammy e Bafta.

Desenvolvimento da narrativa:

Steve Biko era um ativista negro que vivia em um gueto na Província do Cabo. Na década de 70, era motivo de preocupação das autoridades, já que mesmo banido procurava sempre alguma forma de se encontrar com sua comunidade.

Sendo considerado a única esperança de salvar a África do Sul, pelos seus discursos e idéias defendidas, sempre a favor dos direitos e oportunidades dos negros, que não deveriam se submeter à dominação branca, frente essas comunidades, Biko era alvo da imprensa, que considerava sua atitude responsável pelo aumento do ódio racial no país, o que distanciaria a comunidade negra dos brancos.

O editor Donald Woods era um dos que adotavam esse ponto de vista em suas publicações, até ser instigado a conhecer pessoalmente o ativista, e se surpreender com o contraste de sua vida e a dos negros, que viviam em assentamentos, sem oportunidades de estudo e trabalho, e sofrendo a discriminação do mundo branco, essa experiência resulta em uma verdadeira amizade entre Biko e Woods, que passa a mudar suas publicações.

Quando uma das tentativas do ativista, de sair do espaço permitido por seu banimento, falha, ele é encontrado e preso pela polícia, que o submete a torturas durante um mês, até que isso o leva a morte, porém o que se revela como causa, é apenas uma greve de fome.

A partir de então o foco do filme volta-se para o jornalista, que pretende publicar um livro sobre o período que vivenciou, ressaltando a imagem de Biko, e divulgando a verdade sobre os acontecimentos, distorcida pela imprensa. Mas tamanha dedicação à causa negra coloca em risco a vida de sua família, que começa a ser ameaçada pelas autoridades, e o leva a decidir sair do país. Mas como também foi banido pelo governo, sair de sua casa tornou-se um problema, que com a ajuda dos seguidores de Biko torna-se, apesar de arriscado, mais fácil de resolver.

É evidente o contexto histórico do filme, já que o protagonista é um ativista negro, que luta contra a lei Constitucional que oficializou a segregação racial entre brancos e negros, que ficou conhecida como apartheid. Um período em que a minoria branca existente na África do Sul impõe seu poder aos inúmeros grupos sociais compostos pela população negra nativa.

Durante a convivência dos amigos, a forma de destruição da cultura negra, para que a superioridade de uma classe social composta por brancos seja imposta e se mantenha um regime com base na discriminação racial, também é mostrada. Assim como as dificuldades para um negro vencer na vida acadêmica diante das cotas impostas, que resultam em um quadro em que poucos tenham oportunidades de emprego.

Formas de tratamento como fêmea Banthu, inúmeras abordagens e revistas feitas pelos policiais aos negros, restrições impostas, como o banimento do direito de ir e vir, eram as formas encontradas pelos brancos para impor sua soberania, e tentar de alguma forma controlar os possíveis movimentos reacionários.

Diante da exposição desses acontecimentos da época, percebemos que o diretor, não opta pelo panorama das autoridades, e sim defende as causas negras, as apresentando como principais.

Comentário pessoal:

As inúmeras cenas de ação, presentes principalmente na segunda parte do filme, já que este pode ser dividido em drama antes e ação depois da morte de Biko, torna a história interessante, e nada cansativa, já que desperta curiosidade e cria expectativa para o final da saga do jornalista. Porém o filme peca ao mostrar a rápida incorporação e aceitação do jornalista pela comunidade negra diante do contexto, em que era esperado o mínimo de recusa e desconfiança por parte dos negros.

Dança com Lobos

Análise do filme Dança com Lobos para a matéria História Contemporânea, em Outubro de 2007.

1. Sinopse Narrativa:

Baseado no livro de Michael Blake, o filme relata a história de John Dunbar, um soldado que ao arriscar a própria vida durante uma batalha, escolhe comandar um posto próximo de onde vive uma tribo Sioux. Com o passar do tempo, a convivência e o relacionamento de ambos se intensificam, resultando na incorporação pelo “homem branco” dos costumes indígenas.

2. Contexto de Produção do Filme: A direção do filme foi feita por Kevin Costner que atuou também no papel principal. O roteiro é adaptado de um livro de Michael Blake, e segundo a crítica, manteve fidelidade à obra. Foi vencedor do Oscar de 1990 em seis categorias, além do prêmio Globo de Ouro de 1991, mesmo em um contexto onde a aceitação das platéias estava em baixa para filmes desse gênero, Far-West Americano.

3. Desenvolvimento da narrativa:

Lidando com a precariedade de recursos existentes em 1865, o soldado John Dunbar, que fugiu para evitar que sua perna fosse amputada, arrisca sua própria vida ao galopar frente à linha de tiro do exército inimigo. Sem que ao menos um tiro o acertasse, possibilitou um ataque surpresa de “seu” exército, e assim, depois de promovido a herói, pode escolher seu próprio posto de atuação. Uma longa viagem se segue na companhia de um mascate, que o leva até as proximidades da fronteira, onde havia um posto abandonado. Após Dunbar aceitar se responsabilizar pelo posto, onde armas e mantimentos foram descarregados, o mascate, único informado de sua existência no local, foi morto na viagem de retorno pelos índios Sioux, que habitavam a região.

Enquanto permanecia à espera de seus homens, o protagonista avista sua companhia mais próxima naquele momento, um lobo, apelidado de Duas Meias. Os dias decorrem, as páginas de seu diário vão se preenchendo e Dunbar sendo observado cada vez mais de perto pela tribo Sioux, que tenta até roubar seu cavalo, adquirido com o ato heróico. Cansado do distanciamento, o protagonista decide se dirigir ao encontro da tribo.

No caminho, porém, depara-se com uma mulher em prantos, que apesar da ausência de traços indígenas, claramente pertencia à tribo Sioux, que é para onde é levada pelo combatente. Após uma recepção nada calorosa, Dunbar é expulso pelos indígenas, frustrando assim sua tentativa de aproximação. Os índios então se reúnem ao anoitecer, e enfrentando a divergência de opiniões, decidem se aproximar do combatente.

As primeiras visitas dos índios ao branco acontecem; Devido à diferença de linguagem ambos exploram as mímicas, e aos poucos Dunbar transmite seus hábitos, aprende e intriga-se com a curiosidade dos indígenas pelos búfalos. O contato intensifica-se quando o combatente passa a freqüentar a tribo, e assim com a ajuda da mesma mulher que havia sido motivo de recusa, De Pé com Punho, passa a se comunicar com maior facilidade e rapidez.

Aos poucos é incorporado à tribo, participando e entendendo a importância de seus rituais; o principal deles, a caça aos búfalos, que garantiriam a manutenção da tribo no próximo inverno, ilustrou a interferência dos brancos de forma negativa em seus hábitos. Já tendo adquirido a confiança da tribo, o interesse do combatente, então apelidado Dança com Lobos pela nova família, e da recente viúva De Pé com Punho é evidente, o que resulta na união de ambos perante a tribo.

Mas a expectativa do típico Final Feliz é frustrada quando a tribo, que é nômade, resolve partir, devido a possível chegada de exércitos norte-americanos. Dança com Lobos, decidido a abandonar o posto e partir com os indígenas, é surpreendido ao voltar ao posto para buscar seu diário e encontrar invasores membros do exército, que ele aguardou por tanto tempo.

Depois de confundido com os indígenas, e agredido fisicamente, é feito prisioneiro e encarregado de guiar os brancos à tribo indígena. Esta, porém depois de observar o acontecido prepara uma cilada, e após um violento confronto, os índios saem vencedores, possibilitando a fuga de Dunbar com os mesmos.

Essa situação não o tranqüiliza, já que Dança com Lobos sente-se como “isca” para a aproximação de outros exércitos norte-americanos; e visando a integridade da tribo com a qual se relacionou tão bem durante aquele tempo, resolve seguir seu caminho. De Pé com Punho o acompanha e já com a chegada do inverno, é evidente que a perseguição aos indígenas ainda continuará.

O contexto histórico é definido desde o começo do filme, já que o protagonista encontra-se em meio a Guerra. Além do fato dele ser um combatente, isso proporciona elementos no decorrer do filme característicos de situações de guerra, no caso a Guerra Civil, que resultou na divisão de território norte-americano entre os Estados do Sul e do Norte do país.

A relação com os índios é a representação da expansão para o Oeste, onde na tentativa de conquistar terras e assim expandir o território norte-americano, os soldados ignoraram a presença indígena e invadiram suas ocupações, acabando com as tribos.

Também é evidente a mistura de etnias, entre o protagonista branco e os índios, já que seu relacionamento se intensificou a cada dia, o que resultou na mistura de ideologias, costumes e crenças, que fazem parte da história mundial, tanto que atualmente existem países onde a mistura de etnologias é tão evidente que a população não possui uma característica física definida.

Além disso, também é importante ressaltar, a questão da linguagem quanto à facilidade com que a transmissão de mensagens ocorre com o passar do tempo, e resulta na necessidade de diversidades lingüísticas atuais.

Por fim, o papel de Kevin Costner no começo do filme, é típico de um contexto de guerras, onde um corajoso combatente arrisca-se em nome do exército e consegue prestígio por isso, principalmente nos acontecimentos posteriores ao seu marco heróico. Assim é gravado na história e um dos únicos nomes lembrados ao término das batalhas.

4. Comentário pessoal:

A forma de abordagem escolhida é muito interessante, principalmente por ser atípica, já que mostra o “outro lado” do soldado norte-americano. Essa diferença de abordagem só peca pela rápida incorporação do protagonista na tribo indígena, e pela confiança depositada nele diante do contexto histórico. O tempo de duração também é um fator negativo, já que o filme possui poucas cenas de ação e abundantes cenas de diálogos e ações individuais de reflexão e observação.

5. Ficha Técnica

Dança com Lobos

Kevin Costner, EUA, 1990, 180 min.

Roteiro de Michael Blake a partir da adaptação de sua obra Dance with Wolves.

6. Fontes Consultadas:

http://www.interfilmes.com/filme_13041_Danca.com.Lobos-(Dance.With.Wolves).html. Acessado em 24 de maio de 2007.

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=353. Acessado em 26 de maio de 2007.

http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=42 . Acessado em 27 de maio de 2007.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Análise de livros

Resenha do livro Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, para a matéria Leituras de Ficção, em Outubro de 2007.

Ensaio sobre a Cegueira

Na obra de José Saramago, Ensaio sobre a cegueira, o fenômeno coletivo da cegueira nos leva a uma reflexão, já que esta está mais presente em nosso cotidiano do que imaginamos. Saramago simbolicamente, e colocando-nos diante de uma situação limite, nos revela como somos cegos em nosso dia-a-dia.
O livro nos leva a refletir sobre inúmeros aspectos, que passam imperceptíveis em nossa vida, principalmente porque percebemos como somos dependentes de nossos olhos, e como o mundo viraria um caos se realmente acontecesse a cegueira generalizada que o livro propõe.
As relações humanas também são mostradas, e é evidente no decorrer da obra como o individualismo está fortemente inserido, e muitas vezes nem nos damos conta de quão superficiais são nossas relações sociais. A preocupação com o próximo, a tolerância e compreensão são testadas e seu limite revela-se ao menor descuido.
Podemos levantar entre os inúmeros simbolismos adotados pelo autor, fundamentos que existem em nossa vida, mas que nem sabemos ao certo a justificativa de sua existência, como a religião, que representada pelos santos com os olhos vendados, mostra como estamos abandonados e que sua existência deve-se apenas a nossa criação.
Até mesmo politicamente podemos refletir quanto à evidente falta de compromisso de nossos governantes com sua população, que deveria ser uma de suas maiores preocupações.
Por outro lado algumas justificativas também são encontradas, já que entendemos, por exemplo, nossa forma de organização e manutenção da civilidade, assim como sua definição, completamente dependente da criação que recebemos, e que se mostra definitiva nas mesmas situações limites.
De maneira geral, o livro é uma grande lição de moral, já que se entendermos a cegueira como não apenas fictícia, trazendo-a para nossa realidade, podemos repensar nossas atitudes e ao menos tentar valorizar mais as pessoas com que convivemos. Mas também revela a fragilidade humana, ao questionar sua finitude diante dessa fabricação que chamamos de vida.

Análise de livros

Resenha escrita para a matéria Leituras de Ficção, em Outubro de 2007.

Revolução dos Bichos

A obra A Revolução dos Bichos, de George Orwell, exemplifica como o regime soviético foi retratado pela literatura, já que faz uma grande metáfora desse regime através de seus personagens e enredo. Se nos permitirmos uma comparação direta com os principais atores históricos que protagonizaram a Revolução Russa, teremos Stálin e Trotsky como Napoleão e Bola de Neve, respectivamente, assim como Marx, no personagem do Major e sua ideologia, representada nos Mandamentos propostos pelos animais da obra.
Voltando-nos para o livro temos, em seu enredo, o anseio dos animais em mudar o contexto social em que estão inseridos, eliminando primeiramente seu líder e com isso instituindo novas regras e propondo uma nova forma de sociedade, que seria igualitária, com mudanças nas jornadas de trabalho e priorizaria o essencial para sobrevivência dos habitantes da granja.
Com a adesão da maioria, as novas regras entraram em vigor, e aos poucos os hábitos dos que ali viviam foram mudando. Se estabelecermos paralelos políticos com a Revolução Russa, sabemos que essa mudança radical resultará em uma troca de liderança, mesmo que a anterior estivesse agradando e fazendo a granja prosperar.
Assim, temos, com um novo personagem no poder, um apelo para a força, violência e repressão que passa a predominar na granja e obrigar, os que antes trabalhavam pelo todo, a deter-se apenas aos considerados mais inteligentes e merecedores de descanso. Porém sem que essa seja realmente a imagem passada, escolhe-se um moinho e a idéia de um benefício coletivo, além da pressão imposta para que o trabalho fosse realizado.