quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Análise de livros

Resenha do livro Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, para a matéria Leituras de Ficção, em Outubro de 2007.

Ensaio sobre a Cegueira

Na obra de José Saramago, Ensaio sobre a cegueira, o fenômeno coletivo da cegueira nos leva a uma reflexão, já que esta está mais presente em nosso cotidiano do que imaginamos. Saramago simbolicamente, e colocando-nos diante de uma situação limite, nos revela como somos cegos em nosso dia-a-dia.
O livro nos leva a refletir sobre inúmeros aspectos, que passam imperceptíveis em nossa vida, principalmente porque percebemos como somos dependentes de nossos olhos, e como o mundo viraria um caos se realmente acontecesse a cegueira generalizada que o livro propõe.
As relações humanas também são mostradas, e é evidente no decorrer da obra como o individualismo está fortemente inserido, e muitas vezes nem nos damos conta de quão superficiais são nossas relações sociais. A preocupação com o próximo, a tolerância e compreensão são testadas e seu limite revela-se ao menor descuido.
Podemos levantar entre os inúmeros simbolismos adotados pelo autor, fundamentos que existem em nossa vida, mas que nem sabemos ao certo a justificativa de sua existência, como a religião, que representada pelos santos com os olhos vendados, mostra como estamos abandonados e que sua existência deve-se apenas a nossa criação.
Até mesmo politicamente podemos refletir quanto à evidente falta de compromisso de nossos governantes com sua população, que deveria ser uma de suas maiores preocupações.
Por outro lado algumas justificativas também são encontradas, já que entendemos, por exemplo, nossa forma de organização e manutenção da civilidade, assim como sua definição, completamente dependente da criação que recebemos, e que se mostra definitiva nas mesmas situações limites.
De maneira geral, o livro é uma grande lição de moral, já que se entendermos a cegueira como não apenas fictícia, trazendo-a para nossa realidade, podemos repensar nossas atitudes e ao menos tentar valorizar mais as pessoas com que convivemos. Mas também revela a fragilidade humana, ao questionar sua finitude diante dessa fabricação que chamamos de vida.

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